24 abril 2009

Eternal Sunshine of the Spotless Mind


Tagline: I already forget how I used to feel about you.

Director: Charlie Kaufman

IMDb: 8.5

Eternal Sunshine of The Spotless Mind é uma autêntica preciosidade do cinema. Indiscutivelmente pertencente ao meu top, e também com as minhas infinitas visualizações, digo sempre sem hesitar que é uma das mais belíssimas e imaculadas fitas de sempre. Escrito por Charlie Kaufman (Being John Malkovich) em cooperação com o realizador francês Michel Gondry, foi galardoado com o Óscar de Melhor Argumento. Michel Gondry é conhecido por Science of Sleep, o mais recente Be Kind Rewind, e já realizou vários videoclips de bandas famosas tais como Radiohead, White Stripes, a sueca Bjork e Beck. Se assistirem a alguns clipes de música pertencentes a Michel Gondry, verão que este é um realizador dotado de uma grande imaginação e sentido de concepção.

Joel (Jim Carey) descobre que a sua namorada Clementine (Kate Winslet) recorreu a uma clínica para apagar as memórias da sua relação amorosa. Revoltado com a situação, Joel decide recorrer ao mesmo procedimento. É durante o mesmo que Joel descobre que ama verdadeiramente Clementine e tenta a todo custo parar o processo e salvar/esconder Clementine na sua memória.

Sem dúvida que o argumento escrito por Charlie Kaufman tem uma certa dose de delírio, no entanto, uma vez que a realização não faz por atenuar esse facto, não eufemizando certos aspectos, criam um filme de realização ágil e extremamente sofisticado. A maneira como este filme poderá chegar às pessoas é através da humanidade que este transparece. Facilmente nos identificamos com o casal Joel e Clementine, imperfeitos e ainda por se descobrirem, com as suas discussões em contraste com momentos sublimes e íntimos. Kaufman faz por não mostrar o produto típico de Hollywood, o bom e o mau, o perfeito e o fútil, mas sim pessoas completamente normais, com as suas falhas e atitudes. Kaufman decidiu escrever antes sobre o homem e a mulher vulgar que se apaixonam e aprendem a viver conjuntamente com os seus defeitos. Outros dos focos deste filme, é a possibilidade de apagar memórias relacionadas com certos aspectos/pessoas da nossa vida. Se houvesse esta possibilidade, até que ponto chegaríamos? Ninguém será dotado de uma resposta verdadeira dizendo que nunca desejou apagar certas recordações sobre alguém, momentos menos bons, momentos de dor e sofrimento. Mas a questão que aqui se levanta é: quais as vantagens? Afinal, as memórias são o que de mais importante nós temos. Memórias não são factos, são pedaços de quem fomos reflectindo o potencial ser que somos e nos poderemos vir a tornar. O ritmo facilmente acompanhado, e também os diálogos imaculados, longe de preconceitos, bastante naturais e pouco forçados são um dos “delights” deste filme. As interpretações são de alto nível, Jim Carey provando outra vez que, mais do que um mero comediante, é um grande actor, Kate Winslet excelente, tal como o resto do elenco integrado por Elijah Wood, Mark Rufallo, Kirsten Dunst e Tom Wilkinson.

Concluindo, Eternal Sunshine of the Spotless Mind é mais do que uma história de amor, é poesia em imagem e som, é tornar (por vezes) literal os pensamentos e os mistérios da mente. Somos tão involuntariamente contagiados por esta história que facilmente nos interrogamos que possuímos alguma memória assim tão má que desejássemos a sua omissão.

Uma curiosidade, o título vem do belíssimo poema “Eloisa to Abelard” de Alexander Pope, mencionado no filme.

“(...) How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd; (...)”

10/10

8 comentários:

O Cara da Locadora disse...

Que filme lindo... O Kaufman é um dos meus preferidos em Hollywood e vi muita pouca coisa (acho que com esse três, teve o Adaptação e o John Malkovic)... Escrevi algo sobre ele mas nem ficou bom, se quiser dar uma lida depois, rs... Abraços...

- cleber . disse...

Bem-vindo ao Clube!
ahauahuahuaa * Esse filme é maravilhoso, talvez o melhor romance que eu já vi!

Tiago Ramos disse...

Vi-o há pouco tempo, mas adorei. A banda sonora é fantástica, o argumento também. As interpretações geniais, que mostram que o Jim Carrey é muito melhor em papéis mais dramáticos que cómicos...

Adoro a cena em que se refugiam na infância dele...

Mafs disse...

Cara da Locadora,
Irei passar por lá entao. :b Também ainda não tive a oportunidade de apreciar as restantes obras de Kaufman.

Cleber,
Obrigada ! É sim um dos mais belos romances de sempre :)

Tiago,
esqueci-me de referir a banda sonora por acaso. Concordo.
Essa cena é realmente muito interessante... e cómica também. O filme está cheio de momentos assim, tal como aquela em que ambos estão deitados no gelo a apreciar as estrelas. Lindissimo!

André Siqueira disse...

Dei uma olhada pelo blog e vi que tenho vários filmes pra assistir...rs

Depois dê uma passada no meu blog MILHA TURVA.

Abraços

Unknown disse...

Já me falaram tanto, tanto deste filme e continua sem ver. Mas a tua crítica abriu-me o apetite :p

Espero poder ver nos próximos tempos.

Bjs

Mafs disse...

Oh Fifeco, tens que ver, como é ? :b
tenho a certeza que vais adorar .. !

Beijos

ps.: encontrei o blade runner em cassete na colecção do meu avô , dá para acreditar ? :) irei ver brevemente ...

Unknown disse...

Espero pela apreciação :p Estou certo que vais gostar.

Bjs