01 julho 2009

Let The Right One Come In



-Oscar, an overlooked and bullied boy, finds love and revenge through Eli, a beautiful but peculiar girl who turns out to be a vampire.
Realizado por Tomas Alfredson
IMDb: 8.2/10

Um filme de ficar abismado. Cada vez me apaixono mais pelo cinema independente. É para mim o primeiro grande filme do ano. Extremamente simples, a sua arma é um realismo poético sem grandes efeitos. Adaptado do livro homónimo de John Ajvide Lindqvise realizado por Tomas Alfredson, chega a um nível de qualidade extraordinária, auxiliado pelos próprios cenários de uma Suiça fria e obscura que tanto contribuem para uma dinamização do ambiente do filme.
Oskar é um menino e 12 anos, solitário e frustrado. É talvez devido a sua condição de frequente vítima de bulling na escola que sente uma crescente sede de violência e carrega sempre consigo uma faca. Um dia conhece Eli, de aparência estranha e bizarra, mãos geladas e cheiro esquisito. O pré-adolescente desenvolve uma certa admiração por Eli, mas esta informa-o que será impossível serem amigos. No entanto, o encontro entre os dois torna-se inevitável. A amizade rapidamente se revela algo mais profundo.

O melhor do filme é que facilmente é acolhido, não só pelos fãs do cinema fantástico ou da temática vampírica (digamos assim), mas também pelos mais cépticos em relação ao tema. Pode parecer um pouco fantástica, contudo todo o filme é tratado de forma subtil e genial através da doçura e inocência de um amor juvenil, mostrando que o mundo é um lugar duro e nada pacífico. Os traços de horror são apropriados, sem carnificina e liquido vermelho em demasia. Consegue juntar cenários assustadores e doces, como um dos mais marcantes do filme, no qual Eli entra em casa de Oskar sem permissão.

O tema é delicadamente tratado, consegue suportar uma narrativa franca e sólida, sem entrar em clichés bastante presentes nos filmes de vampiros. É absolutamente brutal e distinto dos demais filmes do género nos quais brotam cenas totalmente fúteis e de romantismo exacerbado. Let The Right One In consegue superar todos os estereótipos e, com dois actores amadores e um realizador até ao momento desconhecido, marcar posição no cinema indie e alcançar a posição de um dos melhores do ano até agora.

9/10

Le scaphandre et le papillon

- Let your imagination set you free.
Realizado por Julian Schnabel
IMDb: 8.1/10

Le Scaphandre et le Papillon é baseado na vida de Jean Dominique, que em 1995 após um AVC, ficou vítima de uma rara doença chamada “locked-in síndrome”. O seu realizador, Julian Schnabel foi aclamado pelo seu trabalho e chegou até a ser nomeado para o Oscar. É literalmente perceptível, Jean Dominique vê-se completamente limitado, vê e raciocina, apenas não consegue comunicar, mover ou exprimir.

A história começa a ser contada a partir do momento que Jean-Do acorda do coma. É a partir daqui que Julian Schnabel prova a sua sabedoria ao nos mostrar, através de uma só perspectiva, o mundo que rodeia Baulby. Há que aclamar também Ronald Harwood, mais reconhecido pela adpatação de “The Pianist”, que se revela mais uma vez competente.
Qualquer espectador consegue sentir a frustração vivida por uma mente lúcida incapaz de exteriorizar qualquer pensamento. O antes extrovertido editor da revista Elle, que levava uma vida rica e completa, perde agora todo o seu entusiasmo, quando ao acordar do coma se apercebe que se encontra completamente paralisado. É então que uma terapeuta desenvolve um método de comunicação, através do movimento do seu olho esquerdo. Devido à sua insistência, Jean-Do começa assim a narrar, letra por letra, os seus desabafos e a sua obra, uma adaptação do Conde de Monte Cristo. Não só nos leva para um mundo resplandecente e frutuoso, mas envolve-nos em viagens que só através da sua mente consegue realizar. Com a optimização do seu sistema de comunicação, começa a escrever “Le Schaphandre et le Papillon”, livro que deu título ao filme. De forma completamente pura e nostálgica, o realizador tem a habilidade de nos tocar com história tão profunda e sentida, acompanhada pela mais bela harmonia de imagem e cor. Diga-se que um dos mais belos momentos do filme passa-se quando Jean-Do explica o significado do referido título, e é neste momento que sentimos a magia do filme.

Seria de esperar uma narrativa um pouco lenta, mas Schnabel soube aproveitar sabiamente a condição de Baulby e consegue manter o espectador atento e a apreciar cada momento de imagem e som.
Vemo-nos, a meio do filme, a divagar, a pensar nos que faríamos se nos acontecesse o mesmo. Digamos que uma coisa é permanecer em estado vegetativo, sem noção do mundo exterior e ausência de raciocínio. Mas é totalmente diferente quando nos vemos aprisionados num corpo imóvel, sem qualquer capacidade motora. O que nos falta dizer? O que nos falta fazer? Que coisas não deixaríamos para trás? O que fariam, se de um momento para o outro tivessem de placidamente ver a vida a passar em frente aos vossos olhos? É sem dúvida um testemunho de força, prova que somos capazes de superar os nossos próprios limites.

10/10

Hable con Ella

Realizado por Pedro Almodóvar
IMDb: 8.0

A obra-prima de Almodóvar? Muito provavelmente. Tem todos os atributos para tal. Terei que admitir deste realizador vi apenas La Mala Educación e Hable con Ella, mas tal é suficiente para sugerir a tamanha genialidade deste realizador, sempre com um toque de humor e twists constantes. O filme começa com o encontro de dois homens no teatro, Benigno e Marco. A namorada de Marco, toureira, tem um dia um acidente e fica em coma. Acontece que Benigno está também a cuidar de Alicia, que se encontra em coma, e é então que se descobrem deparam os dois em situações semelhantes no hospital. Nasce uma amizade estranha, no entanto, funcional entre os quatro e é então que o destino que entrepõe. Benigno começa a ter fantasias com Alicia, na esperança de a acordar.

O filme inicia-se com uma simples questão. Numa situação destas, a maior parte das pessoas têm reacções extremas. Ou permanecem lá religiosamente, ou têm tendência para se afastar e mesmo abandonar. Benigno resolve o problema de Marco, que apesar de lá continuar, vê-se incapaz de lhe tocar, dando-lhe um conselho: fala com ela.
O ponto central neste filme é decididamente a mulher e é bela a forma genuína e humana como Almodovar expõe o amor profundo que dois homens têm a duas singulares mulheres. Entre momentos de sensualidade e sedução, reina o drama, o desespero por duas relações impossíveis e a desistência num amor sempre ausente/presente.

Outro dos pontos interessantes neste filme é a dicotomia amabilidade/perversidade. A amabilidade, a sensibilidade que Benigno demonstra por Alicia é sem dúvida algo ternurento, romântico e sincero. Mas com o desenvolver do filme, no qual Benigno começa a ter fantasias um pouco perversas e comportamentos obsessivos, começamos a questionar-nos qual a vantagem de sentimentos tão autênticos.
O final do filme é surpreendente e a obra de Almodovar revela-se comovente. Com momentos especialmente tocantes, um dos quais acompanhados pela belíssima musica de Caetano Veloso, “Cucurrucucu Paloma”. Um filme que nos deixa a pensar.

9/10

11 junho 2009

Veronika Decide Morrer - Adaptação

"When you find out you will die, thats when you decide to live."

Há já algum tempo atrás, fiquei a par da notícia que Veronika Decide Morrer de Paulo Coelho iria ser adaptado para o grande ecrã.
Ora, o livro é magnifico. Não é nenhuma obra prima mas decididamente abre-nos a mente e ajuda-nos no melhor entendimento deste mundo alternativo que é o das pessoas com doenças mentais, os seus refúgios e o quanto nos podemos identificar com elas. Afinal, há um pouco de loucura dentro de cada um.

Recomendo vivamente a sua leitura. Faz-nos pensar no sentido da vida e, pelo menos a mim fez-me interrogar profundamente quanto de mal nos terá de acontecer antes de encontrarmos o/a "the one". A exploração que Paulo Coelho faz à natureza da loucura é subtil, original e filosofica como sempre nos habituou. Tem momentos excepcionalmente belos e marcantes e só espero que esses mesmos momentos sejam passados para o ecrã por Emily Young. Mas duvido. A partir do trailer abaixo exposto não me parece que tenha captado suficientemente o espírito do livro, mas digamos que não há nada como o ver. O filme estreia em Novembro deste ano nos Estados Unidos e ainda tem data imprevista de estreia em Portugal.



Até pode haver quem ache fenomenal, mas admito que não me seduziu. Sarah Michelle Gellar? A interpretar a instável Veronika? Uma desilusãozinha. (Também, entre Kate Bosworth e Sarah Michelle Gellar venha o diabo e escolha.)
De qualquer forma, surpresa foi quando vim aqui e deparei-me com a seguinte situação: este filme já foi visto por 50 pessoas e tem uma cotação de 9.4. Um pouco estranho, não ? Ora, visto que não há informação que tenha passado nalgum tipo de festival acho extremamente insólito.

Já agora, espero abrir o apetite para a leitura do livro.

"- O que é isto?
- Uma gravata.
- Muito bem. A sua resposta é lógica, coerente com absolutamente normal: uma gravata! Um louco, porém, diria que eu tenho ao pescoço um pano colorido, ridículo, inútil, amarrado de uma maneira complicada, que acaba por dificultar os movimentos da cabeça e por exigir um esforço maior para que o ar possa entrar nos pulmões. Se eu me distrair quando estiver perto de um ventilador, posso morrer estrangulado por este pano.
Se um louco me perguntar para que serve uma gravata, eu terei que responder: absolutamente para nada. Nem mesmo para enfeitar, porque hoje em dia ela tornou-se o símbolo de escravidão, poder, distanciamento. A única utilidade da gravata consiste em chegar a casa e tirá-la, dando a sensação de que estamos livres de alguma coisa que nem sabemos o que é.
Mas a sensação de alívio justifica a existência da gravata? Não. Mesmo assim, se eu perguntar a um louco e a uma pessoa normal e a uma pessoa o que é isso, será considerado são aquele que responder: uma gravata. Não importa quem está certo - importa quem tem razão.
- Donde o senhor concluir que eu não sou louca, pois dei o nome certo ao pano colorido."

Somersault

- Love can turn you upside down.
Realizado por Cate Shortland
IMDb: 6.8

Somersault não é um filme conhecido, nem realizado por alguém genial ou nem sequer escrito por nenhum Kaufman ou Woody Allen. Mas isso nunca impediu ninguém de produzir bons filmes. Sempre gostei de cinema independente mas Somersault foi uma pequenina surpresa e desilusão, bem ao mesmo tempo devo dizer. Passo a explicar no seguinte parágrafo.

Retrata a história de Heidi, uma rapariga de 16 anos, que após um confronto com a sua mãe, se muda para uma rural cidade australiana , Jindabyne, onde inicia a sua torbulenta tentativa de vida independente. Heide vive para os encontros sexuais e usa todas as suas características femininas para obter o que quer. Camufla-se nas suas relações vagas de forma a esconder o seu verdadeiro medo, que é o de ficar sozinha.
Ora, seria de esperar que mostrasse um certo espirito livre, inocência e vulnerabilidade, e digamos que inicialmente até se apresenta como um bom produto, estóico e inocente, mas ao longo do seu desenvolvimento, revela-se um pouco desmedido e demasiadamente centrado na personagem principal. Tem bons momentos é verdade, em que Abbie Cornish está excepcionalmente credível e bela e a realizadora se mantém ao nível de capturar a sua autenticidade, contudo acaba por se render ao vulgar produto cinematográfico.

De qualquer forma, tenho de admitir que o filme não é, de todo, mau, principalmente uma vez que explora, de forma não muito inteligente, a jornada que é feita em torno da vida de Heidi, o processo de crescimento e a busca do amor em várias formas. Vemos o desamparo de uma rapariga de 16 anos e a fragilidade que esta transparece, quando julga ter a maturidade suficiente para viver sozinha. Por fim, acabamos por concordar, Love can really turn your life upside down inside out.

7/10

07 junho 2009

Religulous

- Do you smell something burning?
Realizado por Larry Charles
IMDb: 7.8

Discutir religião com crentes é definitivamente um dos maiores prazeres dos cépticos, agnósticos e ateus. A forma como estes reagem a certos factos indiscutíveis e inegáveis é esplendorosa. Como se tudo que acreditassem fosse totalmente e completamente destronado por uma simples frase que proferimos.

A religião neste filme, não assume um papel oposto à ciência, centrando-se antes no carácter dogmático e contraditório de todas as religiões. Bill Maher, um comediante interessado neste tópico, viaja por vários centros culturais e religiosos e entrevista vários padres e influentes de cada doutrina. Vemos avaliado não só o estado da igreja católica no século XXI, mas também todo o painel de religiões contemporâneas, tal como a mais recente religião - a cientologia.

O que Bill Maher tenta no fundo, não é tornar todas as pessoas descrentes ou convertê-las ao ateísmo, mas antes fazê-las perceber e mostrar ao espectador que muitas religiões assentam em falácias, princípios pouco fiáveis e contradições que só não vê quem não quer ver. Ou seja, nada aponta para que nenhuma religião seja universal ou totalmente correcta, apelando à Dúvida. Sim, a dúvida é para Bill Maher o ponto de vista mais humilde e correcto. E dou-lhe razão.

Todo o documentário é preenchido por momentos cómicos o que considero um trunfo para captar a atenção dos mais distraídos. Consegue, no entanto, apresentar um ponto de vista verosímil e fundamentalmente lógico. Um documentário competente.

9/10

Angels and Demons

- The holiest event of our time. Perfect for their return.
Realizado por Ron Howard.
IMDb: 6.9

Após o Código da Vinci, que não foi propriamente bem recebido pelos fãs de Dan Brown (e não só), Ron Howard volta com Anjos e Demónios. Continua a história com Robert Langdon (Tom Hanks) como personagem principal, desta vez investigando o misterioso assassinato de um papa, com o seguinte agravo: os preferitti (padres passíveis de serem eleitos novos papas) foram raptados.
Não comento a qualidade literária de Brown, uma vez que não é decerto dos melhores escritores dos últimos anos, mas consegue no entanto, através de temas polémicos e, no meu ponto de vista, interessantes, criar uma certa dependência tanto neste Anjos e Demónios como em Código da Vinci e cativar o leitor.
De forma a não sair da sala de cinema desiludida, como quando fui ver o Código Da Vinci, contentei-me a ler somente os primeiros capítulos deste livro. Apesar da minha reduzida leitura, deu para perceber que vários aspectos do livro são perdidos na sua adaptação, como o dilema “Igreja versus Ciência”. No livro, este assunto é profundamente explorado, havendo ainda uma analogia excelente sobre esta polaridade. O cientista assassinado no livro e no filme era católico e, por isso, acreditava que ciência e igreja seriam duas entidades que se completam e não opostas. No livro, esta questão levantou pontos interessantes, mas não se verificou o mesmo na sua adaptação ao cinema. Até aqui entendo perfeitamente, o que me oponho na realidade é a um final parcialmente alterado e pouco realista. (quando virem o filme, irão perceber.)
De resto, é um bom produto de entretenimento, não desilude nem encanta e tem um ritmo que prende (até certo ponto) o espectador que se encontra aberto à sua temática, uma vez que levanta várias questões ligadas à Igreja, Ciência e derivados.

7/10

03 junho 2009

Top Morgan Freeman - Filmes a não perder

Ora aqui está um senhor que admiro bastante. Uma longa carreira, com vários prémios, um Óscar (melhor actor secundário em Million Dollar Baby) e com participações nalguns dos mais efémeros filmes do cinema. O seu último projecto foi o ainda em pós-produção The Human Factor, realizado por Clint Eastwood. O top contém algumas das suas interpretações que fazem o meu top 5.

5. The Dark Knight (2008)


4. Lucky Number Slevin (2006)


3. Seven (1995)

2. Million Dollar Baby (2004)


1. Gone Baby Gone (2007)


Menção: The Shawshank Redemption (1994)