01 julho 2009

Le scaphandre et le papillon

- Let your imagination set you free.
Realizado por Julian Schnabel
IMDb: 8.1/10

Le Scaphandre et le Papillon é baseado na vida de Jean Dominique, que em 1995 após um AVC, ficou vítima de uma rara doença chamada “locked-in síndrome”. O seu realizador, Julian Schnabel foi aclamado pelo seu trabalho e chegou até a ser nomeado para o Oscar. É literalmente perceptível, Jean Dominique vê-se completamente limitado, vê e raciocina, apenas não consegue comunicar, mover ou exprimir.

A história começa a ser contada a partir do momento que Jean-Do acorda do coma. É a partir daqui que Julian Schnabel prova a sua sabedoria ao nos mostrar, através de uma só perspectiva, o mundo que rodeia Baulby. Há que aclamar também Ronald Harwood, mais reconhecido pela adpatação de “The Pianist”, que se revela mais uma vez competente.
Qualquer espectador consegue sentir a frustração vivida por uma mente lúcida incapaz de exteriorizar qualquer pensamento. O antes extrovertido editor da revista Elle, que levava uma vida rica e completa, perde agora todo o seu entusiasmo, quando ao acordar do coma se apercebe que se encontra completamente paralisado. É então que uma terapeuta desenvolve um método de comunicação, através do movimento do seu olho esquerdo. Devido à sua insistência, Jean-Do começa assim a narrar, letra por letra, os seus desabafos e a sua obra, uma adaptação do Conde de Monte Cristo. Não só nos leva para um mundo resplandecente e frutuoso, mas envolve-nos em viagens que só através da sua mente consegue realizar. Com a optimização do seu sistema de comunicação, começa a escrever “Le Schaphandre et le Papillon”, livro que deu título ao filme. De forma completamente pura e nostálgica, o realizador tem a habilidade de nos tocar com história tão profunda e sentida, acompanhada pela mais bela harmonia de imagem e cor. Diga-se que um dos mais belos momentos do filme passa-se quando Jean-Do explica o significado do referido título, e é neste momento que sentimos a magia do filme.

Seria de esperar uma narrativa um pouco lenta, mas Schnabel soube aproveitar sabiamente a condição de Baulby e consegue manter o espectador atento e a apreciar cada momento de imagem e som.
Vemo-nos, a meio do filme, a divagar, a pensar nos que faríamos se nos acontecesse o mesmo. Digamos que uma coisa é permanecer em estado vegetativo, sem noção do mundo exterior e ausência de raciocínio. Mas é totalmente diferente quando nos vemos aprisionados num corpo imóvel, sem qualquer capacidade motora. O que nos falta dizer? O que nos falta fazer? Que coisas não deixaríamos para trás? O que fariam, se de um momento para o outro tivessem de placidamente ver a vida a passar em frente aos vossos olhos? É sem dúvida um testemunho de força, prova que somos capazes de superar os nossos próprios limites.

10/10

2 comentários:

Anderson Siqueira disse...

Um filme muito válido e que merece ser assistido.

Roberto Simões disse...

Ora aqui está um filme que sempre quis ver, mas que ainda não tive oportunidade. Tenho a expectativa bem alta.

Cumps.
Filipe Assis
CINEROAD - A Estrada do Cinema